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Os livros didáticos de biologia não conseguem mais acompanhar as mudanças climáticas

Um estudo realizado por pesquisadores da North Carolina State University revelou que os livros didáticos de biologia falharam em abordar adequadamente o tema das mudanças climáticas que afligem o mundo hoje. A preocupação dos cientistas reside no fato de que, apesar da piora do cenário climático, os livros têm dedicado cada vez menos espaço ao assunto.

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Os livros didáticos podem ter a função inesperada de servir de retrato da sociedade na época em que são publicados. Essa é uma das discussões feitas por Rabiya Arif Ansari, estudante de pós-graduação da Universidade da Carolina do Norte, em sua pesquisa. Preocupado com o aprendizado da geração atual sobre as mudanças climáticas, Ansari passou a pandemia analisando como o tema tem aparecido nos livros.

A pesquisadora se concentrou em livros introdutórios de Biologia para o ensino superior, buscando o tema em livros desde a década de 1970 até chegar aos dias de hoje. Suas revisões de 57 publicações revelaram que uma média de apenas 3 em cada 1.000 páginas discutem a mudança climática em materiais atuais.

Analisando o número de sentenças, houve um aumento crescente até os anos 2000, chegando a uma média de 52 sentenças por livro. Na última década, porém, o número caiu para 45. A queda surpreendeu os pesquisadores porque a comunidade científica tem produzido cada vez mais estudos sobre mudanças climáticas, então essas descobertas não chegam aos estudantes. Em muitos casos, o conteúdo dos livros está mais de 10 anos desatualizado em relação à data de publicação.

“Uma das constatações mais preocupantes está no menor espaço dedicado a soluções para as mudanças climáticas. Na década de 1990 representava 15% do conteúdo, enquanto nas décadas seguintes o número chega a apenas 3%”, afirma Jennifer Landin, coautora do estudo. Para Landin, isso sugere aos alunos um pensamento pessimista de que nada pode ser feito para reverter o cenário atual.

Outra questão é o posicionamento do tema ao longo do livro. Na maioria das vezes, as mudanças climáticas estão nos últimos capítulos, o que muitas vezes pode fazer com que nem apareçam em um termo.

O estudo, publicado na revista Public Library of Science One, espera chamar a atenção de autores e editores para debater a forma como a Biologia é tratada atualmente no ensino superior.