Pesquisadores da Universidade de Washington descobriram que os mosquitos preferem tons avermelhados quando procuram sangue humano para beber — e, para isso, usam sensores de dióxido de carbono, que podem identificar até 30 metros de distância. O estudo de caso foi publicado na revista científica Nature Communications.
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Para estudar o comportamento dos mosquitos, a equipe observou 1,3 milhão de trajetórias de insetos, notando que eles são atraídos por luzes vermelhas e amarelas, refletidas em profusão por nós humanos, independentemente do tom de pele. Os mosquitos também evitam tons de verde e azul – mas apenas na presença de CO₂.
Os mosquitos irão para ambientes com tons avermelhados, como a nossa pele, mas apenas quando houver CO₂ envolvido
Como estudar mosquitos?
Analisar o comportamento dos mosquitos não é fácil: são animais erráticos, voam rapidamente e em padrões caóticos. Normalmente, as observações desses animais são feitas em caixas, mas isso não reproduz totalmente seu comportamento natural. Os cientistas construíram então um túnel de vento com cerca de 2 metros de comprimento, onde puderam controlar a velocidade do vento, odores e estímulos visuais para os animais.
Assim, com 16 câmeras instaladas no recinto captando imagens ao vivo dos insetos, foi possível analisar sua trajetória de voo. O Aedes aegypti no túnel não viajou para objetos com cores semelhantes aos tons de pele humana quando não havia dióxido de carbono presente. Quando havia, eles aglomeravam os objetos. Ao remover os filtros de luz vermelha e laranja e deixar o CO₂, os mosquitos voltaram a ignorar os objetos. Eureca!
Para investigar mais, os pesquisadores modificaram geneticamente os mosquitos para que os fotorreceptores do mosquito não pudessem detectar comprimentos de onda de tons avermelhados: eles então pararam de rastrear os tons de pele humana. Outra mutação, desta vez removendo seu receptor de CO₂, também teve o mesmo efeito. Portanto, pode-se perceber que as duas funções estão interligadas.
A pele humana reflete tons avermelhados, como vermelho e laranja, o que é um grande problema para os mosquitos
Especialistas comentam que a perspectiva pode ser um pouco diferente: na verdade, os mosquitos não têm um receptor separado para tons avermelhados. Muito provavelmente, os animais percebem laranja, vermelho e preto como tons escuros – não é que eles procurem vermelho, mas tudo o que não é verde ou azul.
O comportamento olfativo também é observado em outros insetos: os papilionídeos asiáticos, por exemplo, pousam em objetos azuis no laboratório quando estão desprovidos de odores. Quando sentem o cheiro de uma planta que pode abrigar larvas, no entanto, preferem o verde. Ao cheirar laranjas ou lírios, seu sabor muda para vermelho. Tudo gerenciado por cores.
A ideia dos cientistas agora é ampliar o conhecimento adquirido pelo estudo para desenvolver melhores armadilhas contra mosquitos, evitando a propagação de doenças como dengue ou zika. Muitas armadilhas atualmente têm componentes brancos, por exemplo: os mosquitos, no entanto, não gostam nada dessa cor.
