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Dióxido de carbono pode não ser o ‘culpado’ pela perda de água de Marte

A quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera pode não estar por trás do desaparecimento da água líquida em Marte. A conclusão vem de um estudo liderado por Edwin Kite, cientista geofísico da Universidade de Chicago que, junto com seus colegas, investigou os restos de rios marcianos para descobrir mais sobre o passado da água e da atmosfera do planeta vermelho.

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No início dos anos 1970, os cientistas foram surpreendidos com as fotos da missão Mariner 9 da NASA: ao orbitar Marte e mapear a superfície do planeta, a espaçonave fotografou uma paisagem repleta de leitos de rios, o que mostrou que nosso vizinho tinha uma grande quantidade de água. de água líquida no passado. Como não há placas tectônicas capazes de mover e alterar a superfície, ainda são visíveis vestígios de leitos de rios.

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Pesquisadores debatem há anos se Marte tinha água suficiente para formar um oceano no passado

Então, Kite e seus colegas analisaram mapas com base em milhares de fotos de satélite capturadas em órbita. Ao analisar a sobreposição dos remanescentes do rio e sua erosão, a equipe conseguiu reconstruir uma linha do tempo da mudança na atividade do rio marciano em relação à elevação e latitude, ao longo de bilhões de anos.

Em seguida, eles combinaram os resultados com simulações de diferentes condições climáticas para ver quais condições indicariam um planeta quente o suficiente para ter água líquida, que desapareceria repentinamente. No entanto, ao comparar as simulações, a equipe notou algo surpreendente: alterar a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera não alterou esse resultado; portanto, é possível que o composto não seja a causa das mudanças em Marte.

Kite é um especialista no clima de outros mundos e observa que, como o dióxido de carbono é um jogador tão forte quando se trata do efeito estufa, o gás era o principal candidato para explicar a perda de água de Marte. “Mas esses resultados sugerem que talvez não seja tão simples”, disse ela. Por outro lado, as evidências coincidem com o que foi proposto em um estudo do ano passado, no qual nuvens finas e geladas na atmosfera de Marte poderiam ter causado um efeito estufa que teria ajudado a manter a água em estado líquido.

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Chamada de “Mawrth Vallis”, essa região abrigou um rio há bilhões de anos

Outros cientistas sugerem que, se o hidrogênio foi liberado do interior do planeta, ele poderia ter interagido com o dióxido de carbono na atmosfera para absorver a luz infravermelha e, assim, aquecer Marte. A equipe sugere diferentes caminhos para tentar reduzir ainda mais o número de fatores possíveis, como alguns testes com o rover Perseverance, que está explorando o planeta vermelho.

Além disso, Kite e sua colega Sasha Warren fazem parte da equipe que liderará o rover Curiosity em busca de pistas sobre por que Marte se tornou um mundo tão árido. Eles esperam que essa iniciativa, somada aos dados coletados pelo Perseverance, traga novas pistas sobre o mistério que envolve o passado do nosso vizinho.