Um estudo liderado pela Monash University apresenta, pela primeira vez, a dinâmica que pode ter dado origem ao vulcão havaiano Kilauea, um dos mais ativos do mundo. De acordo com as revisões dos autores, o vulcão teria surgido do mar há 100.000 anos, mas seu nascimento é mais profundo e mais antigo.
- Os 10 vulcões mais incríveis do Sistema Solar
- Por que os vulcões adormecidos retornam à atividade?
O novo estudo constatou que a câmara de magma que teria dado origem ao vulcão estava localizada a uma profundidade de mais de 100 km abaixo da crosta terrestre. Trabalhos anteriores detalharam duas câmaras rasas logo abaixo de Kilauea, mas elas não eram grandes o suficiente para explicar o grande volume de magma ejetado.
O Havaí está localizado no Círculo de Fogo do Pacífico, uma das maiores fontes de atividade vulcânica do mundo
Os pesquisadores analisaram fragmentos quebrados de rochas vulcânicas antigas coletadas na parte sudeste da ilha vulcânica. Amostras vulcânicas sugerem que Kilauea nasceu de uma piscina de material vulcânico com cerca de 100 km de profundidade.
Entre 210.000 e 280.000 anos atrás, a placa tectônica do Pacífico se deslocou e um grande volume de magma foi derramado nas profundezas do mar. À medida que esse material esfriava, formou-se um grande “escudo” que, há cerca de 100.000 anos, explodiu. As rochas originais deste evento são difíceis de encontrar, pois a maioria está escondida sob as camadas mais recentes de lava. No entanto, a rocha ígnea (vulcânica) coletada oferece uma visão sem precedentes desse passado distante e profundo do vulcão.
Investigando a origem do Kilauea
Até então, pensava-se que o vulcão nasceu de rocha sólida parcialmente derretida pelo calor do ponto quente (hostspot) da Placa do Pacífico, mas o novo estudo não encontrou evidências para apoiar essa hipótese. Em vez disso, Kilauea teria nascido de uma maneira específica.
O Kilauea teria surgido há cerca de 100 mil anos
De acordo com o novo estudo, o vulcão havaiano se formou originalmente a partir da cristalização fracionada, quando cristais de granada nascem em câmaras magmáticas muito profundas, mas sem reagir com o degelo residual anterior daquela região quente.
Em seguida, a equipe explorou a formação dessas amostras em trabalhos experimentais, realizando a fusão de rochas sintéticas a altas temperaturas (1.100 °C) e pressões (3 Gigapascais) por meio de um método capaz de modelar as concentrações de elementos em terrenos rasos.
“Descobrimos que as amostras só poderiam ser formadas por cristalização e remoção (cristalização fracionada) da granada”, disseram os autores. Isso sugere que a erupção original veio de uma profundidade estimada de 90 km ou ainda mais profunda, porque esses cristais podem se formar em profundidades de até 150 km.
A geóloga Laura Miller, principal autora do estudo, explicou que isso desafia a visão atual de que a cristalização fracionada é apenas um processo superficial. “E isso sugere que o desenvolvimento de uma câmara de magma profunda (> 90 km) é um estágio inicial importante no nascimento de um vulcão havaiano”, acrescentou Miller.
Follow Me