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que doenças podem chegar com as chuvas?

Após as fortes chuvas e enchentes registradas no Grande Recife, o governo de Pernambuco confirmou mais de 100 mortes diretamente associadas à tragédia. ano passado, esses desastres também foram registrados em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro (Petrópolis). Além dos danos imediatos, a água da chuva também carrega e contribui para a proliferação de inúmeras doenças, como leptospirose, hepatite A e dengue.

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Para entender os riscos de doenças que acompanham as enchentes, o Free Game Guide conversou com a médica Sylvia Lemos Hinrichsen, doutora em Medicina Tropical pela Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe) e infectologista do Cerpe — medicina diagnóstica do Dasa.

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Diferentes doenças podem acometer vítimas de enchentes, como leptospirose e hepatite A (Imagem: Twenty20photos/Envato Elements)

Quais doenças se intensificam com as enchentes?

Com as enchentes, muitas pessoas perdem suas casas e passam a viver em situações precárias e potencialmente de risco para inúmeros agentes infecciosos por tempo indeterminado. Nessa situação, eles ficam muito mais vulneráveis ​​a doenças com as quais normalmente não deveriam se preocupar.

Segundo o infectologista Hinrichsen, casos das seguintes doenças tendem a se intensificar em regiões e populações afetadas por enchentes:

  • Diarréia bacteriana, causada por Salmonella — um gênero de diferentes tipos de bactérias;
  • Hepatite A, causada pelo vírus de mesmo nome;
  • Leptospirose, causada pela bactéria Leptospira e transmitida por roedores;
  • Tétano, desencadeado pela toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani);
  • Dengue e outras arboviroses, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti infectado.

Além dessas infecções, as pessoas também devem estar expostas a dois outros grupos de vírus:

  • Infecções respiratórias, incluindo gripe (influenza);
  • COVID-19.

Quando o risco de infecção é maior?

Embora as doenças estejam associadas às inundações, isso não significa que todas as infecções devam ocorrer simultaneamente. Na verdade, existem pelo menos três momentos diferentes de risco. “As pessoas só chegarão aos hospitais de acordo com o período de incubação das doenças, sejam causadas por parasitas, vírus ou bactérias”, lembra o infectologista.

período de inundação aguda

O primeiro momento é marcado pela subida do nível da água e, consequentemente, pela inundação. Nesta fase, as pessoas ficam expostas à água que transporta diferentes tipos de bactérias, vírus e parasitas.

De um modo geral, se o indivíduo contrair diarreia bacteriana, os sintomas aparecerão em 2 a 3 dias. No entanto, em alguns casos, a pessoa pode descobrir a infecção até 40 dias depois. É o caso da hepatite A, que não se manifesta de imediato. Se infectado, é comum sentir cansaço, mal-estar e também sintomas gastrointestinais, como náuseas e diarreia.

Água começando a baixar

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É necessário usar sapatos para evitar o contato com água contaminada e urina de camundongos com leptospira (Imagem: CreativeNature_nl/Envato Elements)

Quando a água começa a baixar e se formam poças, o maior risco é de leptospirose. Aqui, Hinrichsen comenta que com chuvas fortes, os ratos – o principal vetor da doença – vão “para telhados ou outros lugares altos”. Quando a água baixa, eles voltam ao seu habitat natural e, nesse processo, podem deixar diferentes focos da doença, por meio da urina contaminada.

Naturalmente, muitos roedores convivem com a bactéria leptospira, mas sua infecção pode ser bastante grave para os humanos. Na maioria dos casos, a contaminação ocorre quando pessoas descalças pisam ou entram em contato com a água de poças infectadas.

“Este é o momento mais perigoso [do ponto de vista das doenças causadas pelas enchentes] porque a leptospira entra [no organismo] e causa uma infecção sistêmica, afetando principalmente fígados e rins. O período de incubação desse contato passa a ser de 7 a 14 dias, podendo ser menor”, ​​explica o médico. Segundo o Ministério da Saúde, a letalidade média é de 9%.

Mais uma vez, existe o risco de diarreia bacteriana, mas estas estão associadas a alimentos estragados. Com a escassez de água, as pessoas voltam para suas casas e, por sua vulnerabilidade, podem consumir alimentos estragados e não guardados na geladeira, como leite e seus derivados. Outros tipos de infecção também podem ocorrer devido à conservação inadequada.

momento de reconstrução

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Quando as águas baixarem, possíveis focos de dengue devem ser eliminados (Imagem: EdVal/Envato)

Quando as águas realmente baixam, é hora de procurar possíveis criadouros de mosquitos, como o Aedes aegypti. “Não se deve deixar entulho ou água parada em pneus ou garrafas por causa das arboviroses”, enfatiza o médico. Além da dengue, é possível observar casos de zika e chikungunya.

Outra fonte potencial de risco é quando as pessoas estão reconstruindo suas casas, o que envolve materiais de construção e maior risco de exposição a algum tipo de metal enferrujado, como pregos. Estes podem estar potencialmente contaminados e desencadear o tétano em caso de perfurações ou contato com ferimentos.

Covid-19 e vírus respiratórios

Além de todas as doenças já citadas, é preciso lembrar que os casos do coronavírus SARS-CoV-2 ainda são um problema de saúde pública. “Temos o vírus da covid-19 circulando em um período em que as pessoas relaxaram no uso da máscara e nas medidas preventivas. Muita gente voltou a ter covid [reinfecções] ainda que, em alguns casos, de forma mais leve”, alerta o infectologista.

Assim como o covid-19, também existe o risco de outros vírus respiratórios, como o da gripe (influenza). “Se já vivíamos, em Recife e em algumas cidades do Brasil, um período mais longo de gripe, agora teremos mais predisposição por causa dessa situação e dos choques térmicos. Tosse, resfriados devem começar a aparecer”, comenta.

Como evitar infecções causadas por água contaminada?

Para reduzir os riscos, algumas medidas são importantes, principalmente as de proteção. Seguem as principais recomendações:

  • Se possível, não ande descalço ou com sandálias em áreas alagadas. O ideal é usar sapatos fechados, como botas de plástico;
  • Evite entrar em contato com água contaminada e não pisar em poças;
  • Higienize frutas e verduras com alvejante ou hipoclorito;
  • Limpe as caixas d’água e espere até que seja potável;
  • use as máscaras
  • Manter a higiene das mãos com água e sabão.

“O mais importante é não colocar a mão suja nos olhos, boca ou nariz. E tente lavar as mãos com água e sabão. Não só previne a covid, como está prevenindo diarreias, parasitoses, doenças virais, leptospirose”, reforça o médico.

Importância da vacinação

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Algumas doenças causadas por enchentes podem ser prevenidas com vacinas, como a hepatite A (Imagem: Twenty20photos/Envato Elements)

Por fim, vale destacar que quatro das doenças citadas e associadas ao período de fortes chuvas – tétano, hepatite A, covid-19 e gripe – são evitáveis ​​ou podem ser amenizadas com o uso de vacinas. Inclusive, eles estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não estamos cumprindo nossas metas de vacinação. [para algumas campanhas]. É uma ótima oportunidade para atualizar o calendário vacinal, caso a pessoa não esteja doente no momento”, acrescenta o infectologista.

Gabriel Lafetá Rabelo

Pai, marido, analista de sistemas, web master, proprietário de agência de marketing digital e apaixonado pelo que faz. Desde 2011 escrevendo artigos e conteúdos para web com foco em tecnologia,