Notícias

Inteligência artificial ajuda a detectar doença de Chagas por fotos de celular

Cientistas brasileiros inventaram um método para detectar a doença de Chagas usando celulares e inteligência artificial, reduzindo o custo e facilitando o processo de obtenção de imagens para o exame. O Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença, pôde ser identificado em imagens de amostras de sangue obtidas com um celular e analisadas em microscópio óptico com auxílio de IA.

  • Fiocruz lança teste rápido para doença de Chagas
  • Doença de Chagas pode ser transmitida por via oral, aponta Ministério da Saúde

A ideia surgiu quando um dos imunologistas do estudo, Helder Nakaya, percebeu a dificuldade que surgiu no Instituto Evandro Chagas com a aposentadoria de um dos melhores microscopistas da entidade, já que seu conhecimento em identificar cepas de outro protozoário, a Leishmania, seria perdido . . Desenvolver métodos mais fáceis de identificar microrganismos, então, tornou-se seu objetivo.

8-minHealthArtificial-intelligence-helps-detect-Chagas-disease-by-cell-phone
8-minHealthArtificial-intelligence-helps-detect-Chagas-disease-by-cell-phone

Imagem microscópica do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas (Imagem: CDC/Myron G. Schultz)

desenvolvendo o método

Reunindo uma equipe de especialistas tanto na doença quanto em inteligência artificial, foi então desenvolvido um algoritmo, publicado na última sexta-feira (25) na revista científica PeerJ, com apoio da FAPESP. Normalmente, a doença de Chagas é diagnosticada pela análise de amostras de sangue por microscopistas treinados para detectar o parasita responsável. Como requer um microscópio profissional, o método é caro e de difícil acesso para populações de baixa renda.

Por meio de aprendizado de máquina, então, os cientistas fizeram um algoritmo que detecta e conta tripomastigotas do protozoário em questão com base em imagens obtidas por câmeras de celulares. Para o estudo, micrografias de amostras de esfregaço de sangue foram reunidas em imagens de 12 megapixels e parâmetros de forma, tamanho, cor e textura do T. cruzi com base em 1.314 espécimes.

Por meio de treinamento e teste com a abordagem algorítmica random forest, os resultados atingiram uma precisão de 87,6% e uma sensibilidade de 90,5% na detecção do protozoário, automatizando o processo. A ideia é gerar a imagem e analisá-la em microscópios que possam ser enviados a lugares remotos do Brasil, para que o próprio aplicativo informe a existência ou não da doença de Chagas na amostra.

1654205899_776_8-minHealthArtificial-intelligence-helps-detect-Chagas-disease-by-cell-phone
1654205899_776_8-minHealthArtificial-intelligence-helps-detect-Chagas-disease-by-cell-phone

O uso de microscópios é necessário para a detecção do protozoário, que mesmo com o novo método, é um problema a ser considerado pelas autoridades de saúde (Imagem: Yassine Khalfalli/Unsplash)

Isso também exigirá um microscópio robusto e de baixo custo, dizem os cientistas. A proposta deles é tornar o algoritmo open source, para que toda a comunidade científica possa contribuir com dados e recursos, e até adaptar o método para outros exames que necessitem de imagens, como amostras de fezes, biópsias e colposcopias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a doença de Chagas como uma das doenças tropicais negligenciadas. É uma condição infecciosa crônica, prevenida pelo controle de seu vetor, o barbeiro. Todos os anos, cerca de 30.000 pessoas são infectadas em áreas endêmicas das Américas, com uma média de 14.000 mortes.

Gabriel Lafetá Rabelo

Pai, marido, analista de sistemas, web master, proprietário de agência de marketing digital e apaixonado pelo que faz. Desde 2011 escrevendo artigos e conteúdos para web com foco em tecnologia,