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Sonhos estranhos são explicados por teoria baseada em inteligência artificial

É um fato conhecido que nós humanos e muitos outros animais sonhamos quando estão dormindo. O que não se sabe ao certo é o porquê, com as teorias se dividindo entre as que classificam o fenômeno como um efeito colateral de outras funções cerebrais e as que o colocam como algo único, servindo a um propósito próprio e sendo importante para o funcionamento do cérebro. cérebro como um todo.

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Atualmente, a teoria mais aceita coloca os sonhos como ferramentas responsáveis ​​pelo processamento e armazenamento de memórias, ou um fenômeno causado por isso. Outra hipótese diz que o sonho regula nossa saúde emocional, que deriva das teorias freudianas sobre a atividade. Seria uma forma de praticar psicologicamente os acontecimentos do mundo real, preparando-nos para as situações cotidianas.

algoritmo dos sonhos

A ideia mais recente, porém, é de Erik Hoel: no ano passado, o cientista publicou um artigo na revista científica Patterns onde compara as experiências dos sonhos ao treinamento de inteligência artificial, uma função cerebral que nos ajudaria a generalizar nossas experiências vividas e lidar melhor com novos padrões de aprendizagem.

Nas redes neurais artificiais, os algoritmos são treinados para encontrar padrões em bancos de dados repletos de informações. Geralmente, os dados alimentados são semelhantes, mas não idênticos ao que você deseja identificar, e ainda cheios de caos e ruído. Isso serve para evitar que o algoritmo fique viciado em padrões muito perfeitos, ou seja, “fechado” para o que deve encontrar, incapaz de observar o contexto e as condições diferentes daquelas consideradas perfeitas.

No campo dos sonhos, o paralelo seria o caráter alucinógeno e bizarro daquilo que vivenciamos enquanto dormimos, alimentando o cérebro com dados intencionalmente deformados, estimulando nossa percepção sensorial. Assim, o corpo aprenderia a não focar muito nas especificidades das tarefas, abrindo espaço para a generalização e o teste de novas ideias — assim não ficamos tão encaixados em nosso modelo e forma de ver o mundo.

Como provar?

O cientista afirma ter algumas evidências de que isso acontece: já sabemos, por exemplo, que realizar uma nova atividade acordado garante que vamos sonhar com ela dormindo. Esse seria o gatilho para ativar a função cerebral responsável pela generalização, e esses sonhos seriam especialmente estranhos.

Alguns testes também foram propostos por Hoel, que teoriza que os efeitos da privação do sono na memória seriam diferentes dos efeitos na capacidade de generalizar, se ele estiver certo. Experimentos com camundongos poderiam ser usados ​​para avaliar o caso. Também poderíamos acompanhar as respostas das sinapses aos sonhos ou testar se estímulos visuais bizarros na realidade virtual podem neutralizar os efeitos da privação do sono em humanos, observando as mudanças no comportamento e o rebote neurofisiológico do sono REM.

Por fim, a teoria não exclui outras hipóteses sobre sonhos que possuem evidências empíricas, como as que envolvem a memória. Ainda será necessário comprovar, porém, as afirmações do pesquisador para solidificar a nova ideia.