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Por que a caligrafia do médico é feia?

Recentemente, indicamos algumas soluções digitais que podem ajudar a entender uma prescrição, tarefa que pode se mostrar árdua. Isso levanta uma questão: por que a caligrafia do médico é feia? O consenso é tal que o termo é usado com razão como sinônimo de caligrafia ilegível, embora não devesse ser assim.

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Como já apontamos, afinal, a Lei Federal nº 5.991 prevê que só será aviada a receita que estiver escrita de forma legível, portanto, caligrafia médica ilegível pode justamente resultar em punição ao profissional, e o Conselho Regional de Farmácia de Paraná reitera que “todos os dados da prescrição devem ser preenchidos corretamente pelo profissional, pois as farmácias não estão autorizadas a aviar receitas incompletas”.

Mas vamos às causas: o que torna a caligrafia do médico tão ininteligível? Apesar de ser uma questão muito subjetiva e que generaliza a profissão, existem algumas teorias que podem respondê-la. As exigências da profissão, por exemplo, podem ser fatores que contribuem para uma carta de difícil compreensão.

Veja bem: um médico tem que passar por muitas consultas seguidas e enfrenta uma carga de trabalho extenuante. Além disso, a necessidade de redigir diversos processos — receitas, prontuários, relatórios — e ainda atender os pacientes acaba exigindo agilidade, que por sua vez resulta em uma carta escrita às pressas, sem espaço para caprichos.

Um dos principais fatores por trás da caligrafia incompreensível do médico é a faculdade, pois os alunos têm que anotar muitas coisas muito rapidamente ao longo dos quase dez anos de treinamento, quase como um treinamento para a correria que vem com a profissão. O uso de jargões incompreensíveis torna as coisas ainda mais confusas, e é aí que enfermeiros e farmacêuticos têm grande facilidade em decifrar esses “enigmas” das prescrições médicas.

É só o médico que tem caligrafia ruim?

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Letra ilegível de médico pode levar a punição, segundo Lei Federal (Imagem: borodai/envato)

Em contraste, um estudo publicado na revista Quality & Safety in Health Care argumenta que a legibilidade da caligrafia dos médicos é tão boa (ou ruim) quanto a de outros profissionais. Ao todo, os pesquisadores analisaram a caligrafia de 209 profissionais de saúde, usando uma frase padrão e pontuando a legibilidade de 1 a 4.

Na prática, a legibilidade da caligrafia dos médicos não foi diferente de outros profissionais também analisados, como contadores, advogados, engenheiros e cientistas. “Essa falta de diferença na legibilidade da caligrafia não isenta os médicos da responsabilidade pela clareza e precisão em sua comunicação escrita”, diz o estudo.

Levando isso em consideração, conclui-se que a medicina é uma das poucas profissões em que a qualidade da sua caligrafia é importante para outras pessoas. Ninguém fala da caligrafia de um engenheiro da mesma forma que se fala da caligrafia de um médico, por exemplo, porque normalmente ninguém vê a caligrafia desse profissional. “Como a ilegibilidade da caligrafia se correlaciona com taxas de erro de prescrição e má interpretação de pedidos, os médicos devem se esforçar para ter uma caligrafia ‘melhor’ do que qualquer outra pessoa ou adotar a informatização de registros e pedidos médicos”, concluem. Os pesquisadores.