O stress sofrido pelas grávidas durante a pandemia de covid-19 pode ter afetado o cérebro dos bebés, segundo um estudo publicado na revista Communications Medicine. Para chegar a essa afirmação, os pesquisadores analisaram 65 mulheres que engravidaram durante a pandemia (junho de 2020 a abril de 2021) e 137 que tiveram filho pouco antes da pandemia (março de 2014 a fevereiro de 2020).
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Na prática, os pesquisadores registraram cérebros de fetos ainda no útero, por meio de ressonância magnética (MRI). A imagem avaliou a estrutura da superfície do cérebro, incluindo dobras corticais, a forma enrugada e a profundidade das rugas superficiais.
Os autores do estudo então conduziram um questionário sobre qualquer sofrimento experimentado durante a gravidez, incluindo ansiedade, estresse e depressão. Esses efeitos foram notavelmente maiores nas participantes que estavam grávidas durante a pandemia (52%) em comparação com aquelas que estavam grávidas antes de tudo acontecer (27,6%).
Impacto do estresse no cérebro dos bebês
Estresse sofrido na pandemia afeta cérebro de bebês (Imagem: Daniel Reche/Pixabay)
Os autores observaram que a estrutura cerebral e os volumes de substância branca eram menores nos fetos daqueles que engravidaram durante a pandemia. O desenvolvimento dessas estruturas cerebrais foi associado negativamente com ansiedade, estresse e depressão. Os autores sugerem que essas métricas podem indicar um efeito chamado “girificação [forma enrugada] cerebral atrasada”.
No entanto, existem vários aspectos relacionados ao desenvolvimento do cérebro, não apenas o alto estresse materno, e estudos futuros devem considerar o impacto a longo prazo dessas possíveis alterações.
“A angústia psicológica materna elevada durante a gravidez está ligada a resultados adversos na prole. Os efeitos potenciais de níveis elevados de angústia materna durante a pandemia de COVID-19 no cérebro fetal em desenvolvimento são atualmente desconhecidos”, diz o estudo. “O volume de algumas áreas do cérebro fetal diminuiu e houve um atraso no desenvolvimento de dobras cerebrais nos fetos de mães angustiadas”, conclui.
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